A Festa dos Tabernáculos (Sucôt
ou Cabanas)
Dentre as três grandes festas
comandadas por Deus, a Festa dos Tabernáculos é a de maior significado profético para nós
cristãos. É comemorado no décimo-quinto dia do mês de Tishri, duas semanas após
Rosh Hashanah e, usualmente, cai final de Setembro ou princípio de Outubro.
1 – SIGNIFICADO HISTÓRICO
“Disse mais o Senhor a Moisés:
Fala aos filhos de Israel, dizendo: Aos quinze dias deste mês sétimo será a
Festa dos Tabernáculos ao Senhor, por sete dias. Ao primeiro dia haverá santa
convocação: nenhuma obra servil fareis. Sete dias oferecereis oferta queimada
ao Senhor; no dia oitavo tereis santa convocação, e oferecereis ofertas
queimadas ao Senhor; é reunião solene, nenhuma obra servil fareis.
São esta as festas fixas do
Senhor, que proclamareis para santas convocações, para oferecer ao Senhor
oferta queimada, holocausto e oferta de manjares, sacrifícios e libações, cada
qual em seu dia próprio; além dos sábados do Senhor, e das vossas dádivas, e de
todos os vossos votos, e de todas as vossas ofertas voluntárias que dareis ao
Senhor.
Porém aos quinze dias do mês
sétimo, quando tiverdes recolhido os produtos da terra, celebrareis a festa do
Senhor por sete dias; ao primeiro dia, e também ao oitavo, haverá descanso
solene. No primeiro dia tomareis para vós outros fruto de árvores formosas,
ramos de palmeira, ramos de árvores frondosas, e salgueiros de ribeiras; e, por
sete dias, vos alegrareis perante o Senhor, vosso Deus. Celebrareis esta como
festa ao Senhor por sete dias cada ano; é estatuto perpétuo pelas vossas
gerações; no mês sétimo a celebrareis. Sete dias habitareis em tendas de ramos;
todos os naturais em Israel habitarão em tendas; para que saibam que eu fiz
habitar os filhos de Israel em tendas, quando os tirei da terra do Egito: Eu
sou o Senhor vosso Deus”. (Levítico
23.33-43).
A festa dos Tabernáculos ou Festa
da Colheita era originalmente uma festa agrícola, assim como a Páscoa e
Pentecoste. Apesar disso Deus lhe atribui um significado histórico: a lembrança
da peregrinação pelo deserto e o sustento pelo Senhor. A fragilidade das tendas
que o povo construía era uma lembrança da fragilidade do povo quando
peregrinava os 40 anos no deserto a caminho da Terra Prometida.
A palavra “tabernáculo”
origina-se da palavra latina “tabernaculum” que significa “uma cabana, um
abrigo temporário”. No original hebraico a palavra equivalente é Sucá, cujo
plural é Sucot.
A Festa dos Tabernáculos durava
uma semana e durante este período habitavam em tendas construídas com ramos.
É um tempo de regozijo e ação de
graça.
Posteriormente, na história
judaica, a Páscoa, Pentecoste e a Festa dos Tabernáculos são chamadas no calendário
judaico de Festas de Peregrinos, porque nestas três festas era exigido que todo
homem judeu fizesse uma peregrinação até o Templo de Jerusalém. Nestas ocasiões
o povo trazia os primeiros frutos da colheita da estação ao Templo, onde uma
parte era apresentada como oferta a Deus e o restante usado pelas famílias dos
sacerdotes. Somente após essa obrigação ser cumprida era permitido usar a
colheita da estação como alimento.
A ordenança de Deus para que o
povo habitasse em tendas traz conotações de caráter moral, social, histórico e
espiritual. Os rabinos falam da sucá como um símbolo de proteção divina. Em
momentos de aflição pedimos ao Todo-Poderoso que nos “abrigue em sua tenda”
(Salmo 27.5). A sucá é um chamado contra a vaidade e um apelo à humanidade. Mesmo
o mais poderoso dos homens deve viver durante sete dias numa habitação
primitiva e modesta, conscientizando-se da impermanência das posses materiais.
Mais ainda, deve compartilhar essa moradia com todos os desprivilegiados a seu
redor: “seus servos, o estrangeiro, o orfão e a viúva que estiverem dentro dos
seus portões”. (Deuteronômio 16.14).
Por ser pequena, sem
compartimentos a sucá obriga seus moradores a se aproximarem, física e
afetivamente, e talvez os inspire a se manterem mais unidos nos outros dias do
ano.
De acordo com a Lei, a cobertura
da sucá deve ser feita de tal forma que através dela se possam ver as estrelas.
Resulta um teto pelo qual se infiltram a chuva e o vento, mas pelo qual também
penetra a luz do sol. A sucá é o modelo de um verdadeiro lar: sem uma estrutura
sofisticada, sem decoração luxuoso, mas cheia de calor, tradição e santidade.
Um lar deve ter espiritualidade, deve ter uma vista para o céu.
A sucá é um abrigo temporário,
improvisado, construído às pressas. E, no entanto, ela é um símbolo de
permanência e continuidade. É tão frágil, tão precária, tão instável e, no
entanto, sobreviveu a tantos impérios, tantas revoluções porque na verdade seu
sustento é divino. É somente o Senhor quem nos pode sustentar!
A sucá é uma construção rústica
cuja cobertura é feita de produtos da terra – fácil de se obter. Inclui ramos,
arbustos, palha e mesmo ripas de madeira. Frutas, vegetais e outros alimentos
não são usados.
O povo judeu tomou as palavras de
Deus em Levítico 23 “habitareis” em seu sentindo literal. Eles interpretaram a
palavra “habitar” como significando que se devia comer e dormir na sucá, e não
apenas construí-la. Nenhuma bênção é recitada quando se constroi a sucá, pois a
ordem fundamental é “habitar” na sucá e não meramente construí-la. Uma bênção é
recitada imediatamente antes de comer e dormir na sucá.
O uso de quatro espécies de
plantas é prescrito em Levítico 23.40: “…tomareis fruto de árvores formosas,
ramos de palmeiras, ramos de árvores frondosas e salgueiros de ribeira…” A
Bíblia não especifica com precisão quais as espécies de árvores e frutas devem
ser usadas. As autoridades judaicas deduziram e a tradição consagrou que “a
fruta de árvore formosa” significa a cidra (etrog); “ramos de palmeiras” seriam
ramos da tamareira (lulav); “ramos de árvores frondosas” referindo-se ao mirto
(hadassim); e “salgueiros de ribeira” ao familiar salgueiro (aravot). Essas
quatro espécies formam o molho de sucot que seguramos e abençoamos em cada dia
da semana durante a Festa dos Tabernáculos.
Diariamente, durante a semana de
sucot (exceto no Shabat), pegamos na mão direita as três espécies de ramos, na
mão esquerda a cidra, recitamos uma bênção, em seguida juntamos as mãos e
agitamos o molho para todos os lados, para cima e para baixo – manifestando
nossa alegria e indicando que a presença de Deus está em toda a parte.
A Festa dos Tabernáculos tinha
dois aspectos distintos na época do Templo. Uma parte da festa era consagrada
ao louvor e ações de graça. O toque das trombetas convocava o povo, que se
postava nas ruas para assistir à marcha dos sacerdotes que iam ao tanque de
Siloé, enchiam uma vasilha de prata de água e depois rumavam para o templo e a
derramavam no altar. Era um cortejo glorioso de sacerdotes vestidos de branco,
instrumentos musicais, corais. Os levitas se faziam acompanhar por músicos em
instrumentos de corda, sopro e percussão durante a recitação dos Salmos 113 a
118 – (Hallei) especialmente as palavras messiânicas do Salmo 118, versos 25 e
26: “Ó Senhor, salva, Te pedimos! Ó Senhor, nós te pedimos, envia-nos a
prosperidade. Bendito aquele que vem em nome do Senhor”.
Esse ritual de derramamento de
água simbolizava ações de graça pela chuva que possibilitou a colheita do ano.
Orações por mais chuva eram feitas para possibilitar a colheita da próxima
estação.
Esse ritual simbolizava também a
alegria espiritual e salvação.
A cada dia, durante o período da
Festa, os sacerdotes rodeavam o grande altar de sacrifícios, uma vez, agitando
suas palmeiras em todas as direções. Os ramos eram seguros juntos na mão
direita, e a cidra, na mão esquerda.
No sétimo dia, chamado “Hoshana
Rabbah” que significa “A grande Salvação”, os sacerdotes rodeavam o altar sete
vezes, recitando o Salmo 118.
Durante os sete dias de sucot, o
grande altar de sacrifício recebia um número de sacrifício maior do que em
qualquer outra festa: 70 novilhos, 14 carneiros, 98 cordeiros e 7 bodes
(Números 29.12-34).
Em relação aos 70 novilhos o
Talmud ensina que “as setenta nações do mundo são representadas nas ofertas de
expiação de Israel”.
Segundo ponto alto das
comemorações eram os festejos. À noite, as multidões festejavam com banquetes e
ainda cantavam e caminhavam pelas ruas portando tochas. Eram também colocadas
tochas que iluminavam o átrio do Templo. Nesses momentos demonstravam sua
gratidão a Deus desfrutando as boas coisas da vida e o prazer de gozarem a
companhia uns dos outros.
Foi a essa festa que os irmãos de
Jesus se referiram quando insistiram com Ele para que seguisse para Jerusalém
(João 7.1-9). O Senhor rebateu suas palavras sarcásticas, mas depois,
ocultamente, foi para Judéia. Durante a Festa, Ele deu ensinamentos e sofreu
dura oposição por parte dos fariseus. Foi nessa ocasião que chamou os que
tivessem sede para irem a ele e beber (João 7.37). Isso pode ter sido uma
referência à água derramada no altar durante a Festa.
2 – O SIGNIFICADO PROFÉTICO
A Festa dos Tabernáculos tem um
significado profético.
O profeta Amós, antevendo a vinda
do Messias, escreveu: “Naquele dia levantarei o tabernáculo caído de Davi,
repararei as suas brechas, e, levantando-o das suas ruínas restaurá-lo-ei como
fora nos dias da antiguidade”. (Amós 9.11).
O povo judeu ainda hoje aguarda a
vinda do Messias. A preservação misteriosa de Israel pode ser para o
cumprimento do propósito de Deus de Israel se tornar o “tabernáculo de Davi,
seu Rei”.
Judeus e gentios podem ser
incorporados à casa ou família de Deus e assim tornar-se Seu tabernáculo – Seu
lugar de moradia com a aceitação do Messias. Devemos lembrar que Deus já havia
feito provisão para a inclusão dos gentios crentes dentro da aliança mosaica “a
mesma lei haja para o natural (israelita) e para o forasteiro (gentio) que
peregrinar entre vós”. (Êxodo 12.49).
O profeta Zacarias predisse que
na era messiânica: “Todos os que restarem de todas as nações que vieram contra
Jerusalém, subirão de ano em ano, para adorar o Rei, o Senhor dos Exércitos, e
para celebrar a Festa dos Tabernáculos”. (Zacarias 14.16-21).
O profeta Miquéias profetizou: “…
uma nação não levantará contra outra nação, nem aprenderão mais a
guerra”.(Miquéias 4.3).
A Festa dos Tabernáculos fala da
alegria do Messias tabernaculando em nosso meio. É época de regozijo, de
plenitude.
Podemos ver também Jesus, nosso
Messias, tipificado no ritual do derramamento da água. No evangelho de João,
capítulo 7, temos um relato da Festa dos Tabernáculos que foi a última que
Jesus participou.
Podemos imaginar a cena
grandiosa: o grande cortejo de sacerdotes vestidos de branco, os levitas, os
instrumentos, o derramamento da água no altar… e Jesus, em pé, nas sombras das
grandes colunas do templo observando. Ele, o Eterno, o Filho de Deus, o Logos,
a Palavra Viva que se fez carne, Aquele quem falou através da Lei dada no Monte
Sinai para que se observasse a Festa dos Tabernáculos. Agora Ele estava ali, em
pessoa, vendo a observância de uma ordenança Sua.
Assim que o cortejo passou com o
clamor nos lábios do Salmo: “Ó Senhor, salva, Te pedimos…” Jesus se levanta e
sua voz explode num grito carregado de misericórdia: “Se alguém tem sede, venha
a mim e beba. Quem crer em Mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão
rios de água viva”. (João 7.37-38).
Ali estava em pessoa Aquele de
quem os profetas haviam falado. Ele era o cumprimento de todas as promessas. O
Messias veio e tabernaculou entre nós. (João 1.14).
“Ah! Todos vós os que tendes
sede, vinde às águas; e vós os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e
comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e azeite. Porque
gastais o dinheiro naquilo que não é pão: e o vosso suor naquilo que não
satisfaz? Ouvi-me atentamente, comei o que é bom, e vos deleitareis com finos
manjares. Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma
viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, que consiste nas fiéis
promessas a Davi”. (Isaías 55.1-3).
Através de Seu Espírito que seria
derramado em vasos humanos Deus promete tirar de nós o coração de pedra e nos
dar uma nova natureza.
“Porque derramarei água sobre o
sedento, e torrentes sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua
posteridade, e a minha bênção sobre os teus descendentes”. (Isaías 44.3).
“O Senhor te guiará
continuamente, fartará a tua alma até em lugares áridos, e fortificará os teus
ossos; serás como um jardim regado, e como um manancial, cujas águas não
faltam”. (Isaías 58.11).
“E acontecerá depois que
derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas
profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões. Até sobre
vossos servos e sobre as servas derramarei o meu Espírito naqueles dias.
Mostrarei prodígios no céu e na terra: sangue, fogo e colunas de fumo. O sol se
converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e temível dia
do Senhor. E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será
salvo; porque no Monte Sião e em Jerusalém estarão os que forem salvos, assim
como o Senhor prometeu, e entre os sobreviventes aqueles que o Senhor chamar”. (Joel
1.28-32).
RESUMO PROFÉTICO DA FESTA DE
TABERNÁCULO
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